12/04/21
Segundo divulgação recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego no Brasil atingiu 14,3 milhões de pessoas. A realidade pode ser ainda mais difícil para as pessoas acima de 50 anos, mesmo que tenham experiência e qualificação, como indica o levantamento feito pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados): até setembro de 2020, 438,1 mil profissionais dessa faixa etária foram demitidos, o que significa que cerca de 8 em cada 10 vagas eliminadas eram ocupadas por profissionais com mais de 50 anos.
O cenário é ainda mais delicado se considerar que a população brasileira está envelhecendo [o número de idosos com 60 anos cresceu 18% em cinco anos, conforme revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua] e que muitas famílias dependem da renda dos mais velhos para sobreviver. De acordo com estudo feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quatro em cada dez brasileiros maiores de 60 anos são responsáveis pelo sustento de seus lares.
Para a professora de Gestão de Recursos Humanos da Estácio, Míria Reis, a questão cultural pode ser um entrave na contratação de pessoas mais velhas. “Na década de 1980 – quando iniciei minha atuação em RH –, aos 40 anos o profissional era considerado velho para o mercado de trabalho. Apesar de todas as mudanças ocorridas desde então, e dos discursos de inclusão, igualdade e diversidade, os desafios persistem. Observamos nas empresas que o percentual de profissionais com idade acima de 60 anos é mínimo”, explica a especialista em gestão empresarial.
Por isso, de acordo com a docente da Estácio, a maioria dos desocupados com mais de 50 anos aproveitam sua sólida formação para atuar como consultores e se manter no mercado. Por mais que iniciativas de mudança do quadro sejam tímidas, Míria Reis destaca que algumas empresas contam com programas específicos para esse público.
“Entretanto, a preferência por profissionais mais jovens continua sendo superior. Vemos então uma contradição, pois as empresas exigem conhecimento, experiência, porém pouca idade, como é possível? Percebo que as dificuldades enfrentadas pelos jovens e idosos acabam sendo similares. Ainda temos um longo caminho pela frente quando o assunto é inclusão e diversidade no mercado de trabalho brasileiro”, aponta.
Míria Reis enumera habilidades e características de trabalhadores acima de 50 anos que podem fazer a diferença nos negócios do empregador. “O conhecimento adquirido ao longo de suas carreiras é inegável, mas o que realmente diferencia esse grupo de profissionais é a maturidade. Toda a bagagem profissional e de vida adquiridas ao longo dos anos dão a essas pessoas mais serenidade, racionalidade e flexibilidade para contornar problemas e encontrar soluções. Ademais, outro ponto extremamente importante é o comprometimento que demonstram no trabalho, o que também pode ser creditado em virtude da maturidade”, ressalta.
Míria Reis: psicóloga, consultora, coaching, especialista em Educação e Gestão Empresarial, mestre em Administração e doutoranda em Psicologia Social. Professora universitária para cursos de graduação, graduação tecnológica e pós-graduação da Estácio. Conta com mais de 33 anos de vivência na área de recursos humanos.
Fonte: Bethany Legg/Unsplash
Quer conhecer melhor nosso trabalho?
Entre em contato conosco pelo email contato@conceitocomunic.com.br ou preencha o formulário abaixo.